Quero me desculpar pelo artigo longo, mas, não há jeito de se mostrar o que está acontecendo de outro modo.
Não é de hoje que a turma que sempre esteve na Petrobras em outros governos apronta provocando escândalos que não existem para tentar convencer a todos sobre uma suposta má gestão da empresa. Em conluio com a mídia, esses asseclas do capital estrangeiro vivem mancomunados, distorcendo notícias, estimulando invencionices e mentiras, tentando a todo custo desmoralizar a empresa através de intrigas e manipulações na mídia.
Quando cheguei ao sistema Petrobras em 1986, tudo lá cheirava a ditadura. Ex-generais mandando em setores da empresa. Ex-funcionários de empresas multinacionais (Shell, Chevron, Esso) mandando em outros departamentos. Empregados da empresa de nível médio e de nível superior não se misturavam, nem se falavam. Presidentes, Diretores, Superintendentes, Gerentes Executivos e até Gerentes Regionais indicados pelos governos e partidos que estavam no comando. Todos sangrando a empresa, fazendo seus negócios e mantendo seus cargos por conta das suas relações com o sistema de poder nacional e internacional/colonial.
A mídia tenta fazer todos crerem que as interferências políticas não existiam antes de 2002. Mas, nós, os empregados e técnicos do sistema Petrobras sabemos que sempre existiram e com muito mais força do que depois do Governo Lula e agora, Dilma, quando foi priorizada a questão técnica acima da política. Todas as empresas do sistema cresceram e tiveram lucros muito superiores nos últimos 12 anos.
Então, quando, mais uma vez, tentam fazer do episódio Pasadena um escândalo jamais visto, por ter sido na gestão de um presidente petista, temos que lembrar algumas coisas importantes que alguns se esqueceram e outros sequer sabem. Utilizo para isso informações de um artigo de Fernando Siqueira da AEPET de 2010, com a análise dos anos anteriores às gestões pelos Governos do PT.
Estragos produzidos na Petrobrás, pelo governo FHC, visando desnacionalizá-la:
1993 – Como ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso fez um corte de 52% no orçamento da Petrobrás, previsto para o ano de 1994, sem nenhuma fundamentação ou justificativa técnica.
Ele teria inviabilizado a empresa se não tivesse estourado o escândalo do Orçamento, fazendo com que se esquecessem da Petrobrás.
Todavia, isso causou um atraso de cerca de 6 meses na programação da empresa, que teve de mobilizar as suas melhores equipes para rever e repriorizar os projetos integrantes daquele orçamento.
1994 – Ainda como ministro da Fazenda, com a ajuda do diretor do Departamento Nacional dos Combustíveis, Fernando Henrique manipulou a estrutura de preços dos derivados do petróleo, de forma que, nos 6 últimos meses que antecederam o Plano Real, a Petrobrás teve aumentos mensais, na sua parcela dos combustíveis, em valores 8% abaixo da inflação. Por outro lado, o cartel internacional das distribuidoras de derivados teve, nas suas parcelas, aumentos de 32% acima da inflação.
Isto significou uma transferência anual, permanente, de cerca de US$ 3 bilhões do faturamento da Petrobrás para o cartel dessas distribuidoras.
A forma de fazer isso foi através dos dois aumentos mensais, que eram concedidos aos derivados, pelo fato da Petrobrás comprar o petróleo em dólares, no exterior, e vender no mercado, em moeda nacional. Havia uma inflação alta e uma desvalorização diária da nossa moeda. Os dois aumentos repunham parte das perdas que a Petrobrás sofria devido a essa desvalorização.
Mais incrível: a Petrobrás vendia os derivados para o cartel e este, além de pagá-la só 30 a 50 dias depois, ainda aplicava esses valores, e o valor dos tributos retidos para posterior repasse ao Tesouro, no mercado financeiro, obtendo daí vultosos ganhos financeiros, em face da inflação galopante então presente. Quando o Plano Real começou a ser implantado, com o objetivo de acabar com a inflação, o cartel reivindicou uma parcela maior nos aumentos, porque iria perder aquele duplo e absurdo lucro.
1995 – Em fevereiro, já como presidente, FHC proibiu a ida de funcionários de estatais ao Congresso para prestar informações aos parlamentares e ajudá-los a exercer seus mandatos com respaldo em informações corretas.
Assim, os parlamentares ficaram reféns das manipulações da imprensa comprometida. As informações dadas aos parlamentares no governo de Itamar Franco, como dito acima, haviam impedido a revisão da Constituição Federal com um claro viés neoliberal.
Fernando Henrique emitiu um decreto, nº 1403/95, que instituía um órgão de inteligência, o SIAL, Serviço de Informação e Apoio Legislativo, com o objetivo de espionar os funcionários de estatais que fossem a Brasília falar com parlamentares. Se descobertos, seriam demitidos.
Assim, tendo tempo de trabalho para me aposentar, solicitei a aposentadoria e fui para Brasília por conta da Associação. Tendo recursos bem menores que a Petrobrás (que, no governo Itamar Franco, enviava 15 empregados semanalmente ao Congresso), eu só podia levar mais um aposentado para ajudar no contato com os parlamentares. Um dos nossos dirigentes, Argemiro Pertence, mudou-se para Brasília, às suas expensas, para ajudar nesse trabalho.
Também em 1995, FHC deflagrou o contrato e a construção do Gasoduto Bolívia-Brasil, que foi o pior contrato que a Petrobrás assinou em sua história. FHC, como ministro da Fazenda do governo Itamar Franco, funcionou como lobista em favor do gasoduto. Como presidente, suspendeu 15 projetos de hidrelétricas em diversas fases, para tornar o gasoduto irreversível. Este fato, mais tarde, acarretaria o “apagão” no setor elétrico brasileiro.
As empresas estrangeiras, comandadas pela Enron e Repsol, donas das reservas de gás na Bolívia, só tinham como mercado o Brasil. Mas a construção do gasoduto era economicamente inviável. A taxa de retorno era de 10% ao ano, enquanto o custo financeiro era de 12% ao ano. Por isso, pressionaram o governo a determinar que a Petrobrás assumisse a construção. A empresa foi obrigada a destinar recursos da Bacia de Campos, onde a taxa de retorno era de 80%, para investir nesse empreendimento.
O contrato foi ruim para o Brasil pelas seguintes razões: mudança da matriz energética para pior, mais suja; ficar dependente de insumo externo dominado por corporações internacionais, com o preço atrelado ao do petróleo e valorada em moeda forte.
Foi ruim para a Bolívia, que só recebia 18% pela entrega de uma de suas últimas riquezas, a mais significativa. Evo Morales elevou essa participação para 80% (a média mundial de participação dos países exportadores é de 84%) e todas as empresas aceitaram de bom grado.
E foi péssimo para a Petrobrás que, além de tudo, foi obrigada a assinar uma cláusula de “Take or Pay”, ou seja, comprando ou não a quantidade contratada, ela pagaria por ela. Assim, por mais de 10 anos, pagou por cerca de 10 milhões de metros cúbicos, sem conseguir vender o gás no mercado nacional.
Ainda em 1995, o governo, faltando com o compromisso assinado com a categoria, levou os petroleiros à greve, com o firme propósito de fragilizar o sindicalismo brasileiro e a sua resistência às privatizações que pretendia fazer. Havia sido assinado um acordo de aumento de salário de 13%, que foi cancelado sob a alegação de que o presidente da Petrobrás não o havia assinado. Mas o acordo foi assinado pelo então Ministro das Minas e Energia, Delcídio Amaral, pelo representante do presidente da Petrobrás e pelo Ministro da Fazenda, Ciro Gomes.
Além disso, o acordo foi assinado a partir de uma proposta apresentada pelo presidente da Petrobrás. Enfim, foi deflagrada a greve, após muita provocação, inclusive do Ministro do TST, Almir Pazzianoto, que disse que os petroleiros estavam sendo feitos de palhaços. FHC reprimiu a greve fortemente, com tropas do exército nas refinarias, para acirrar os ânimos. Mas deixou as distribuidoras multinacionais de gás e combustíveis sonegarem os produtos, pondo a culpa da escassez nos petroleiros. No fim, elas levaram 28% de aumento, enquanto os petroleiros perderam até o aumento de 13%, já pactuado e assinado.
Durante a greve, uma viatura da Rede Globo de Televisão foi apreendida nas proximidades de uma refinaria, com explosivos, provavelmente pretendendo uma ação de sabotagem que objetivava incriminar os petroleiros. No balanço final da greve, que durou mais de 30 dias, o TST estabeleceu uma multa pesada que inviabilizou a luta dos sindicatos. Por ser o segundo maior e mais forte sindicato de trabalhadores brasileiros, esse desfecho arrasador inibiu todos os demais sindicatos do país a lutar por seus direitos. E muito menos por qualquer causa em defesa da Soberania Nacional. Era a estratégia de Fernando Henrique para obter caminho livre e sangrar gravemente o patrimônio brasileiro.
1995 – O mesmo Fernando Henrique comandou o processo de mudança constitucional para efetivar cinco alterações profundas na Constituição Federal de 1988, na sua Ordem Econômica, incluindo a quebra do Monopólio Estatal do Petróleo, através de pressões, liberação de emendas, barganhas e chantagens com os parlamentares.
Manteve o presidente da Petrobrás, Joel Rennó, que, no governo Itamar Franco, chegou a fazer carta ao Congresso Nacional defendendo a manutenção do monopólio estatal do petróleo, mas que, no governo FHC, passou a defensor empedernido da sua quebra.
As cinco mudanças constitucionais promovidas por FHC:
1) Mudou o conceito de empresa nacional. A Constituição de 1988 havia estabelecido uma distinção entre empresa brasileira de capital nacional e empresa brasileira de capital estrangeiro. As empresas de capital estrangeiro só poderiam explorar o subsolo brasileiro (minérios) com até 49% das ações das companhias mineradoras. A mudança enquadrou todas as empresas como brasileiras. A partir dessa mudança, as estrangeiras passaram a poder possuir 100% das ações. Ou seja, foi escancarado o subsolo brasileiro para as multinacionais, muito mais poderosas financeiramente do que as empresas nacionais.
A Companhia Brasileira de Recursos Minerais havia estimado o patrimônio de minérios estratégicos brasileiros em US$ 13 trilhões. Apenas a companhia Vale do Rio Doce detinha direitos minerários de US$ 3 trilhões. FHC vendeu essa companhia por um valor inferior a um milésimo do valor real estimado.
2) Quebrou o monopólio da navegação de cabotagem, permitindo que navios estrangeiros navegassem pelos rios brasileiros, transportando os minérios sem qualquer controle.
3) Quebrou o monopólio das telecomunicações, para privatizar a Telebrás por um preço abaixo da metade do que havia gasto na sua melhoria nos últimos 3 anos, ao prepará-la para ser desnacionalizada. Recebeu pagamento em títulos podres e privatizou um sistema estratégico de transmissão de informações. Desmontou o Centro de Pesquisas da empresa e abortou vários projetos estratégicos em andamento, como capacitor ótico, fibra ótica e TV digital.
4) Quebrou o monopólio do gás canalizado e entregou a distribuição a empresas estrangeiras. Um exemplo é a estratégica Companhia de Gás de São Paulo, a COMGÁS, que foi vendida a preço vil para a British Gas e para a Shell. Não deixou a Petrobrás participar do leilão através da sua empresa distribuidora. Mais tarde, abriu parte do gasoduto Bolívia-Brasil para essa empresa e para a Enron, com ambas pagando menos da metade da tarifa paga pela Petrobrás, uma tarifa baseada na construção do Gasoduto, enquanto que as outras pagam uma tarifa baseada na taxa de ampliação.
5) Quebrou o Monopólio Estatal do Petróleo, através de uma emenda à Constituição de 1988, retirando o parágrafo primeiro, elaborado pelo diretor da AEPET, Guaracy Correa Porto, que estudava Direito e contou com a ajuda de seus professores na elaboração. O parágrafo extinto era uma salvaguarda que impedia que o governo cedesse o petróleo como garantia da dívida externa do Brasil. FHC substituiu esse parágrafo por outro, permitindo que as atividades de exploração, produção, transporte, refino e importação fossem feitas por empresas estatais ou privadas. Ou seja, o monopólio poderia ser executado por várias empresas, mormente pelo cartel internacional.
1996 – Fernando Henrique enviou o Projeto de Lei que, sob as mesmas manobras citadas, se transformou na Lei 9.478/97.
Esta Lei contém artigos conflitantes entre si e com a Constituição Brasileira. Os artigos 3º, 4º e 21º, seguindo a Constituição, estabelecem que as jazidas de petróleo e o produto da sua lavra, em todo o território nacional (parte terrestre e marítima, incluído o mar territorial de 200 milhas e a zona economicamente exclusiva) pertencem à União Federal. Ocorre que, pelo seu artigo 26º – fruto da atuação do lobby, sobre uma brecha deixada pelo Projeto de Lei de FHC – efetivou a quebra do Monopólio, ferindo os artigos acima citados, além do artigo 177 da Constituição Federal que, embora alterada, manteve o monopólio da União sobre o petróleo. Esse artigo 26º confere a propriedade do petróleo a quem o produzir.
1997 – Fernando Henrique criou a Agência Nacional do Petróleo e nomeou o genro, David Zylberstajn, que havia se notabilizado como Secretário de Minas e Energia do Estado de São Paulo, desnacionalizando várias empresas de energia por preços irrisórios, inclusive a Eletropaulo, vendida para a empresa americana AES que, para essa compra, lançou mão de um empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e não pagou.
Cabe salientar que, dos recursos do BNDES, 50% são originários do FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador – e foram emprestados a empresas estrangeiras para comprar empresas nacionais, que demitiram, em média, 30% dos trabalhadores. Ou seja, o FAT foi usado para desempregar os trabalhadores.
Zylberstajn, no ato de sua posse, com o auditório cheio de empresas estrangeiras ou de seus representantes, bradou: “O petróleo agora é vosso”.
Empossado, iniciou os leilões de áreas, já com alguma pesquisa feita pela Petrobrás, com tal avidez entreguista que os blocos licitados tinham áreas 220 vezes maiores do que a dos blocos licitados no Golfo do México.
Zylberstajn, inicialmente, mandou que a Petrobrás escolhesse 10% das áreas sedimentares, de possível ocorrência de hidrocarbonetos, nas 29 províncias onde ela já havia pesquisado, para continuar explorando por mais 3 anos, quando, se não achasse petróleo, teria que devolvê-las à ANP. Depois de 6 meses de exaustivos estudos, a Petrobrás escolheu as áreas que queria.
Surpreendentemente, Zylberstajn, aproveitando que a atenção do país estava voltada para a Copa do Mundo de futebol, em realização na França, retomou 30% dessas áreas que a Petrobrás havia escolhido, sob rigorosos critérios técnicos, pelos seus especialistas. Assim, a Petrobrás passou a ter direito de explorar apenas 7% do total das rochas sedimentares brasileiras. Esse prazo de 3 anos se mostrou inviável e foi estendido para 5 anos. Nós publicamos informativos mostrando que as multinacionais tinham 8 anos de prazo contra os 3 da Petrobrás.
1998 – A Petrobrás é impedida pelo governo FHC de obter empréstimos no exterior para tocar seus projetos – a juros de 6% a/a -, e de emitir debêntures que visavam à obtenção de recursos para os seus investimentos.
FHC cria o REPETRO, através do decreto 3161/98, que libera as empresas estrangeiras do pagamento de impostos pelos seus produtos importados, mas sem, contudo, dar a contrapartida às empresas nacionais. Isto, somado à abertura do mercado nacional iniciada por Fernando Collor, liquidou as 5.000 empresas fornecedoras de equipamentos para a Petrobrás, gerando brutais desemprego e perda de tecnologias para o País. Essas empresas haviam sido criadas através do repasse de tecnologia que a Petrobrás gerava ou absorvia. A presença do fornecedor nacional facilitava em muito a operação da empresa.
Ainda em 1998, seis empresas multinacionais (duas delas comandaram a privatização da YPF Argentina – Merryl Linch e Gaffney Cline) passaram a ocupar o 12º andar do prédio da Petrobrás (Edise) para examinar minuciosamente todos os dados da Companhia, sob o argumento de que se tratava de uma avaliação dos dados técnicos e econômicos necessários à venda de ações da Empresa, em poder do governo.
Durante dois anos, essas empresas receberam todas as informações que quiseram dos gerentes da Petrobrás, inclusive as mais confidenciais e estratégicas, de todas as áreas. Reviraram as entranhas da Companhia, de uma forma jamais realizada em qualquer empresa que aliene suas ações.
1999 – Muda-se o estatuto da Petrobrás com três finalidades:
1) permitir que estrangeiros possam ser presidentes da empresa (Philippe Reichstul) 2) permitir a venda de ações para estrangeiros; 3) retirar os diretores da empresa do Conselho de Administração, colocando em seu lugar representantes do Sistema Financeiro Internacional, como Jorge Gerdau Johannpeter (comandante do lobby para a quebra do Monopólio), Roberto Heiss, Paulo Haddad e outros;
Reichstul inicia o mandato cancelando atabalhoadamente (propositalmente?) o contrato da empresa Marítima – fornecimento de 6 plataformas para perfuração exploratória – um mês antes dela incorrer numa grave inadimplência. O cancelamento salvou a Marítima de pesadas multas e ainda deu a ela argumentos para processar a Petrobrás, pedindo R$ 2 bilhões de indenização pelo incrível cancelamento. Ganhou em primeira instância.
Reichstul viaja aos EUA com o ex-jogador Pelé e, juntos, fazem propaganda do lançamento e venda de ações da Petrobrás em Wall Street; o governo vende, então, 20% do capital total da Petrobrás, que estavam em seu poder. Posteriormente, mais 16% foram vendidos pelo irrisório valor total de US$ 5 bilhões.
Como a “Ação Direta de Inconstitucionalidade” da AEPET contra o artigo 26, já mencionado, assinada pelo governador Roberto Requião (Paraná), foi derrubada, e a Petrobrás é dona das reservas, em detrimento da União, esses acionistas incorporaram ao seu patrimônio um acervo de 10 bilhões de barris – 36% de 30 bilhões de barris nas mãos da Petrobrás (incluindo 16 bilhões do pré-sal, já cubados) – os quais, pela Constituição pertencem à União.
Como, agora, estamos no limiar do pico de produção mundial, o barril de petróleo, em queda temporária, vai ultrapassar os US$ 100, esse patrimônio transferido, gratuitamente, valerá mais de US$ 1 trilhão. Considerando que já existiam no mercado cerca de 20% das ações em mãos de testas de ferro, o governo, hoje, detém 54% das ações com direito a voto, mas apenas 40% do capital total da Petrobrás (antes das mudanças, o governo detinha 87% do capital total da Companhia).
O poder dos novos e felizardos acionistas de Wall Street os levam a exigir da Petrobrás a quitação dos débitos que a Companhia tem com o Fundo de Pensão (Petros), de preferência pelo menor preço possível. Reichstul usa R$ 8 bilhões em títulos de longuíssimo prazo do governo (NTN tipo B, recebidos na privatização das subsidiárias da Companhia – prazos de 23 e 32 anos) e quita a dívida, financeiramente, mas não atuarialmente, pelo valor de face dos títulos. A Petrobrás contabiliza a saída dos títulos por R$ 1,8 bilhão e o Fundo de Pensão os recebe por R$ 8 bilhões.
Reichstul dobra o salário dos gerentes da Petrobrás, amplia o número deles, e lhes dá poderes ilimitados para contratar empresas e pessoas. Ganha com isso o apoio para fazer todas as falcatruas que planejava. Desmonta a competente equipe de planejamento da Petrobrás e contrata, sem concorrência, a Arthur De Little, empresa americana, presidida pelo seu amigo Paulo Absten, para comandar o planejamento estratégico da Companhia.
Isto resulta numa série de desastres consecutivos. Entre eles, a compra de ativos obsoletos na Argentina, na Bolívia e em outros países. Os gerentes – cooptados – se fartam de contratar empresas e pessoas, sem controle. A terceirização atinge o estrondoso absurdo de 120.000 contratados, com nepotismo e corrupção, enquanto os empregados efetivos caem de 60.000 para cerca de 30.000, seguindo a estratégia aplicada na Argentina, de enxugar para desnacionalizar. Abre-se acesso às entranhas da empresa para pessoas alocadas por empreiteiras e concorrentes estrangeiras.
Reichstul tenta mudar o nome da empresa para Petrobrax, para facilitar a pronúncia dos futuros compradores estrangeiros. Causa uma reação de indignação nacional e recua. Mas segue a sua meta desnacionalizante e divide a empresa em 40 unidades de negócio, seguindo a proposta do Credit Suisse First Boston, apresentada ao Governo Collor, para a desnacionalização da Companhia. Pulveriza as equipes técnicas, desmantelando a tecnologia da empresa e preparando para, através do artigo 64 da Lei 9478/97, transformar cada unidade de negócio em subsidiária e privatizá-las, como iniciou fazendo com a Refinaria do Rio Grande do Sul, a Refap.
Essa privatização foi feita através de uma troca de ativos com a Repsol Argentina (pertencente ao Banco Santander, braço do Royal Scotland Bank Co), onde a Petrobrás deu ativos no valor de US$ 500 milhões – que avaliamos em US$ 2 bilhões – e recebeu ativos no valor de US$ 500 milhões, os quais, dois dias depois, com a crise da Argentina, passaram a valer US$ 170 milhões.
A avaliação dos ativos foi feita pelo banco Morgan Stanley, do qual Francisco Gros era diretor, acumulando, desde o inicio da gestão Reichstul, o cargo de membro do Conselho de Administração da Petrobrás. Gros, segundo sua biografia publicada pela Fundação Getúlio Vargas, veio para o Brasil, como diretor do Morgan Stanley, para assessorar as multinacionais no processo de privatização. Através de sindicalistas do Rio Grande do Sul, entramos com uma ação judicial na qual ganhamos a liminar, cassada, mas que interrompeu esse processo de desnacionalização.
A gestão Reichstul levou a empresa a um nível de acidentes sem precedentes na sua história: 62 acidentes graves – em dois anos – contra a série histórica de 17 acidentes em 23 anos (1975 a 1998), segundo relatório publicado pelo Conselho Regional de Engenharia do Estado do Paraná.
Nós pedimos investigação de sabotagem aos vários órgãos de segurança: Polícia Federal, Marinha, Procuradoria Federal. Não investigaram, mas os acidentes cessaram.
2001 – Reichstul, desgastado, dá lugar a Francisco Gros, que, ao assumir a presidência da Petrobrás, num discurso em Houston, EUA, declara que, na sua gestão, “a Petrobrás passará de estatal para empresa privada, totalmente desnacionalizada”.
Gros compra 51% da Pecom Argentina, por US$ 1,1 bilhão, embora a dita empresa tenha declarado, publicamente, um déficit de US$ 1,5 bilhão; cria um sistema para mascarar acidentes, nos quais os acidentados não os possam reportar; tenta implantar um plano de Benefício Definido no fundo de pensão – Petros.
Faz, ainda, um contrato de construção de duas plataformas com a Halliburton, com uma negociação obscura, sem concorrentes, que resulta, além de um emprego maciço de mão-de-obra estrangeira, em dois atrasos superiores a um ano e meio. Esses atrasos fizeram com que, pela primeira vez na história da empresa, houvesse uma queda de produção, fato ocorrido em novembro de 2004. Apesar desses atrasos, a Halliburton não pagou multa e ainda ganhou cerca de US$ 500 milhões adicionais da Petrobrás, em tribunal americano.
Com a eleição de Lula para a presidência da República, antes da sua posse, houve uma renegociação em massa dos contratos de serviço em andamento, com novos prazos, superiores a 4 anos, de forma a criar uma blindagem ao novo governo, impedindo as reanálises, renegociações ou revogações dos contratos feitos sem concorrência, incluindo empresas ligadas aos amigos de alguns gerentes do governo FHC.
E com tudo isso engatilhado, feito para não dar certo, os Governos do PT conseguiram, em parte desmontar as armadilhas. Mas, muitas ainda prosseguiram. Apesar de ter uma máquina de executivos cooptados pelo capitalismo internacional, muito se conseguiu mudar no sistema e os lucros que não existiam antes começaram a aparecer.
Uma pesquisa da Consultoria Economática mostrou que a Companhia teve um crescimento de US$ 192,5 bilhões de valor de mercado, entre dezembro de 2002 e novembro de 2009, passando de US$ 15,4 bi para US$ 207,9 bi. A primeira e segunda colocadas da lista são as empresas americanas Exxon (US$ 345,8 bi) e Microsoft (US$ 257,4 bi).
No final do 2002 a Petrobras ocupava a 121ª colocação no ranking das maiores empresas de capital aberto do continente. Desde então, a Companhia subiu 118 posições e ocupa a 3ª posição no ranking.
Pergunto então a quem hoje insulta o PT e seus gestores e que tentam gerar problemas para a Petrobras com a finalidade de atingir seus fins eleitoreiros: Quem foi mais competente? A quem interessa as polêmicas geradas pela mídia? O que a oposição quer com isso? Se realmente o problema de Pasadena era grande, por que só veio a tona agora?
Peço que reflitam e não entrem nesse jogo! Ele é pesado e não é de hoje! Verifiquem os lucros e o desenvolvimento das empresas do sistema Petrobras que não deixam dúvidas. Os números são contundentes. Só não vê quem não quer.
Meu nome é Ligia Deslandes. Sou Pedagoga e Mestra em Educação formada pela Universidade Federal Fluminense. Tenho especialização na área de Direitos Humanos e Mediação de Conflitos pelo Instituto de Tecnologia Social do Brasil e Formação em Educação Profissional no SENAC. Fiz vários cursos na área de gestão, comunicação e marketing e tenho três livros publicados. Fui Professora no curso de pós-graduação em gestão de recursos humanos na universidade Veiga de Almeida no estado do Rio de Janeiro. Exerci várias funções administrativas na Petrobras Distribuidora e na direção executiva nas pastas administrativa e jurídica do Sindicato dos trabalhadores no comércio de minérios e derivados de petróleo do estado do Rio de Janeiro – SITRAMICO-RJ. Em 2012 fui eleita a primeira mulher presidenta do SITRAMICO-RJ, tendo sido reeleita em 2015 para o mandato que exerço atualmente.
Tio do Computador
no 27 de março de 2014 a partir do 02:28
Texto histórico! Nunca antes vi um depoimento tão bem detalhado, e vindo de quem estava lá dentro e viu todo o processo! Parabéns, ajudarei a divulgar!
Em 2005, a empresa belga Astra Oil comprou a refinaria “Pasadena Refining System” pela quantia de 42 milhões de dólares. Depois investiu mais 84 milhões de dólares na empresa. No total, portanto, o investimento da Astra foi de 126 milhões de dólares. Em 2006, a Petrobras comprou da Astra Oil 50% dessa refinaria pela quantia de 190 milhões de dólares, a Petrobras pagou também 170 milhões de dólares para comprar 50% de todo o estoque de petróleo que a refinaria possuía, totalizando um desembolso de 360 milhões de dólares. O pagamento de 190 milhões de dólares por metade da refinaria foi uma ótima decisão de negócio na época, pois esse valor correspondia a metade do valor de mercado de uma refinaria como aquela. Posteriormente, a Petrobras foi obrigada a comprar os outros 50% da empresa. O contrato de compra da refinaria possuía duas cláusulas prejudiciais à Petrobras. Uma delas dizia que a Astra Oil teria direito a 6,9% dos lucros anuais independente das condições do mercado. A outra cláusula dizia que em caso de divergência, uma das partes deveria comprar a parte da outra. De 2008 a 2012, ocorre uma batalha judicial entre as duas empresas. A Petrobras é obrigada a comprar a outra metade da refinaria. Tem que desembolsar 170 milhões de dólares pelo estoque de petróleo da refinaria pertencente à Astra e mais 650 milhões de dólares divididos entre a compra, os impostos, os custos processuais e multas determinadas pela justiça norte-americana. O total, de 2005 a 2012, chega a 1,18 bilhão de dólares. Do total gasto, 340 milhões de dólares foram pagos por estoques de petróleo, que já foram processados e vendidos com lucro — o que exclui esse valor de qualquer conta de prejuízo da Petrobras. O quanto de lucro gera a refinaria hoje? A Petrobras informou que a refinaria de Pasadena hoje processa algo em torno de 100 mil barris de petróleo por dia, ou seja, 3 milhões de dólares por mês ou 36 milhões de dólares por ano. Quanto isso está trazendo de retorno do investimento? Os prejuízos não chegam nem próximo do que estão divulgando nas redes sociais e na grande mídia. O valor real só poderia ser apurado após descontarmos dele os lucros da empresa com a venda dos estoques de Petróleo comprados e os lucros da refinaria de Pasadena de 2006 até hoje. A refinaria de Pasadena continua dando lucro e o valor investido que ainda não foi recuperado não pode ser considerado prejuízo, a menos que a empresa pare de funcionar. A Petrobras faz vários investimentos, alguns que podem levar alguns anos para serem ressarcidos, é uma empresa de petróleo e não qualquer empresa de fundo de quintal. O negócio de Pasadena é só mais um, que, se não estivéssemos em tempo de eleições e a oposição não quisesse fazer disso palanque eleitoral para enfraquecer a candidatura da Dilma, nem seria levado em conta pela mídia.
Luciano Cortinhas Júnior
no 29 de março de 2014 a partir do 13:36
Depois do que já foi apresentado, apenas dois comentários de mais um aposentado:
a) como engenheiro de minas, considero a venda da Vale do Rio Doce um dos maiores crimes lesa pátria.
Na época a imprensa divilgou que as reservas de minério de ferro, pertencentes à Vale, não foram avalidas e/ou consideradas no valor da venda da empresa pois seria uma tarefa “muito difícil”.
Ora, isso no mínimo é uma piada, mas o fato é que entregamos ao capital internacional, a preço de banana, as maiores reservas provadas de minério de ferro existentes no planta terra.
b) quando a Repsol perdeu o interesse pela aquisição parcial da REFAP (Canos/RS), recusou o investimento em ampliação de unidades operacionais para alterar características de derivados, relacionadas a emissões ambientais. Com isso, e após alguns entraves, a Petrobras recomprou a fatia Repsol, ou seja, recomprou o que já tinha sido seu.
Bem, tem alguns dados que não dá para eu mensurar aqui, pois, o sistema Petrobras nessa época não tinha tantos registros como tem hoje. Mas, posso te dizer o seguinte. Os investimentos feitos pelos Governos na Petrobras de 1986 até 2001 quando termina o governo FHC (PSDB) foram os seguintes:
Real (US$ MM) – 82.201,0
Já quando no governo Lula e Dilma (PT) os investimentos foram os seguintes de 2002 até 2012:
Real (US$ MM) – 270.680,0
Ou seja, em 11 anos de governo do PT os investimentos da Petrobras foram quase quatro vezes maiores que os 16 anos de outros governos. Isso não te faz pensar?
Com relação a investimentos em outros países, é preciso que se tenha visão de longo prazo. Muitas vezes perde-se um pouco para ganhar mais depois. Uma empresa de petróleo tem que ter essa visão. A Petrobras só começou a investir muito timidamente em 1990 em áreas internacionais. Os investimentos aumentaram um pouco no Governo FHC e a partir de 2002 o aumento foi significativo. Os dados não mentem.
“Em maio de 2006, Evo Morales anunciou a estatização de todo o setor de hidrocarbonetos boliviano, cumprindo uma promessa eleitoral. A Petrobras teve as refinarias expropriadas e passou a pagar royalties maiores pelo gás que explora no país.”
Quanto aos valores, eles são corrigidos, correto? Gostaria muito de ver a fonte dessas informações, apenas por curiosidade mesmo.
Mais uma pergunta: em qual período a Petrobras mais cresceu em sua história? Analisando desde sua criação, em 1953 até 2014.
Ana Maria
no 31 de março de 2014 a partir do 19:18
Graças a Deus que o monopólio das telecomunicações foi quebrado. Para os desmemoriados, pagávamos por uma linha telefônica preço de muitas barras de ouro e ficávamos anos esperando por um serviço telefônico medieval. A especulação corria solta e era preciso ser rico para ter telefone no Brasil .
Isso não aconteceu por conta do monopólio, mas, porque os governos daquela época queriam privatizar essas empresas e ganhar muito dinheiro através delas e assim, não investiam, não faziam os investimentos necessários para que a Embratel investisse na telefonia no Brasil exatamente para criar o fato de que você se lembra e vender a ideia de privatização. É muito fácil, com o apoio da mídia criar factóides para mascarar os fatos. Vivi essa época, mas, conheço fatos que talvez você não conheça! E, infelizmente, até hoje a Embratel coloca toda a sua tecnologias nas mãos de outros e não dá lucro para poder enriquecer e dar lucros para as multinacionais de telefonia.
julio cabral
no 1 de abril de 2014 a partir do 05:06
o problema é que o Fernando Henrique não é candidato nas próximas eleições, enquanto a Dilma será.. com tantas denúncias graves, o PT deveria ter tido mão de ferro pra apurar e punir os culpados.. tempo, ele teve!
Belíssimo texto, Ligia, contando toda a história por quem a viveu! Parabéns! Texto para ser compartilhado diariamente! Um beijo!
Bravo! Histórico muito bem informado.
Os urubus sobrevoam, as raposas farejam e ratos cobiçam,
mas é nossa!
Texto histórico! Nunca antes vi um depoimento tão bem detalhado, e vindo de quem estava lá dentro e viu todo o processo! Parabéns, ajudarei a divulgar!
Excelente texto, em forma e conteúdo. Muito esclarecedor. Muita gente precisa lê-lo.
Mas o que isso tudo tem a ver com a compra de uma refinaria que valia 46mi por 1bi? E a questão da propina? O Rouba mas faz está valendo?
Em 2005, a empresa belga Astra Oil comprou a refinaria “Pasadena Refining System” pela quantia de 42 milhões de dólares. Depois investiu mais 84 milhões de dólares na empresa. No total, portanto, o investimento da Astra foi de 126 milhões de dólares. Em 2006, a Petrobras comprou da Astra Oil 50% dessa refinaria pela quantia de 190 milhões de dólares, a Petrobras pagou também 170 milhões de dólares para comprar 50% de todo o estoque de petróleo que a refinaria possuía, totalizando um desembolso de 360 milhões de dólares. O pagamento de 190 milhões de dólares por metade da refinaria foi uma ótima decisão de negócio na época, pois esse valor correspondia a metade do valor de mercado de uma refinaria como aquela. Posteriormente, a Petrobras foi obrigada a comprar os outros 50% da empresa. O contrato de compra da refinaria possuía duas cláusulas prejudiciais à Petrobras. Uma delas dizia que a Astra Oil teria direito a 6,9% dos lucros anuais independente das condições do mercado. A outra cláusula dizia que em caso de divergência, uma das partes deveria comprar a parte da outra. De 2008 a 2012, ocorre uma batalha judicial entre as duas empresas. A Petrobras é obrigada a comprar a outra metade da refinaria. Tem que desembolsar 170 milhões de dólares pelo estoque de petróleo da refinaria pertencente à Astra e mais 650 milhões de dólares divididos entre a compra, os impostos, os custos processuais e multas determinadas pela justiça norte-americana. O total, de 2005 a 2012, chega a 1,18 bilhão de dólares. Do total gasto, 340 milhões de dólares foram pagos por estoques de petróleo, que já foram processados e vendidos com lucro — o que exclui esse valor de qualquer conta de prejuízo da Petrobras. O quanto de lucro gera a refinaria hoje? A Petrobras informou que a refinaria de Pasadena hoje processa algo em torno de 100 mil barris de petróleo por dia, ou seja, 3 milhões de dólares por mês ou 36 milhões de dólares por ano. Quanto isso está trazendo de retorno do investimento? Os prejuízos não chegam nem próximo do que estão divulgando nas redes sociais e na grande mídia. O valor real só poderia ser apurado após descontarmos dele os lucros da empresa com a venda dos estoques de Petróleo comprados e os lucros da refinaria de Pasadena de 2006 até hoje. A refinaria de Pasadena continua dando lucro e o valor investido que ainda não foi recuperado não pode ser considerado prejuízo, a menos que a empresa pare de funcionar. A Petrobras faz vários investimentos, alguns que podem levar alguns anos para serem ressarcidos, é uma empresa de petróleo e não qualquer empresa de fundo de quintal. O negócio de Pasadena é só mais um, que, se não estivéssemos em tempo de eleições e a oposição não quisesse fazer disso palanque eleitoral para enfraquecer a candidatura da Dilma, nem seria levado em conta pela mídia.
Acho que você, Daniel Costa precisa ler o texto novamente. Não entendeu nada.
Depois do que já foi apresentado, apenas dois comentários de mais um aposentado:
a) como engenheiro de minas, considero a venda da Vale do Rio Doce um dos maiores crimes lesa pátria.
Na época a imprensa divilgou que as reservas de minério de ferro, pertencentes à Vale, não foram avalidas e/ou consideradas no valor da venda da empresa pois seria uma tarefa “muito difícil”.
Ora, isso no mínimo é uma piada, mas o fato é que entregamos ao capital internacional, a preço de banana, as maiores reservas provadas de minério de ferro existentes no planta terra.
b) quando a Repsol perdeu o interesse pela aquisição parcial da REFAP (Canos/RS), recusou o investimento em ampliação de unidades operacionais para alterar características de derivados, relacionadas a emissões ambientais. Com isso, e após alguns entraves, a Petrobras recomprou a fatia Repsol, ou seja, recomprou o que já tinha sido seu.
Uma pergunta: a Petrobras ocupava qual posição em ranking internacional em 1986?
O que aconteceu com a Petrobras de 2002 a 2005? Não teve uma refinaria “doada” pra outro país nessa história?
Sem isso, esse texto fica parecendo texto de imprensa comprometida. Quero ler a história toda, e não só a parte política.
Bem, tem alguns dados que não dá para eu mensurar aqui, pois, o sistema Petrobras nessa época não tinha tantos registros como tem hoje. Mas, posso te dizer o seguinte. Os investimentos feitos pelos Governos na Petrobras de 1986 até 2001 quando termina o governo FHC (PSDB) foram os seguintes:
Real (US$ MM) – 82.201,0
Já quando no governo Lula e Dilma (PT) os investimentos foram os seguintes de 2002 até 2012:
Real (US$ MM) – 270.680,0
Ou seja, em 11 anos de governo do PT os investimentos da Petrobras foram quase quatro vezes maiores que os 16 anos de outros governos. Isso não te faz pensar?
Com relação a investimentos em outros países, é preciso que se tenha visão de longo prazo. Muitas vezes perde-se um pouco para ganhar mais depois. Uma empresa de petróleo tem que ter essa visão. A Petrobras só começou a investir muito timidamente em 1990 em áreas internacionais. Os investimentos aumentaram um pouco no Governo FHC e a partir de 2002 o aumento foi significativo. Os dados não mentem.
Me refiro a isso:
“Em maio de 2006, Evo Morales anunciou a estatização de todo o setor de hidrocarbonetos boliviano, cumprindo uma promessa eleitoral. A Petrobras teve as refinarias expropriadas e passou a pagar royalties maiores pelo gás que explora no país.”
Quanto aos valores, eles são corrigidos, correto? Gostaria muito de ver a fonte dessas informações, apenas por curiosidade mesmo.
Mais uma pergunta: em qual período a Petrobras mais cresceu em sua história? Analisando desde sua criação, em 1953 até 2014.
Graças a Deus que o monopólio das telecomunicações foi quebrado. Para os desmemoriados, pagávamos por uma linha telefônica preço de muitas barras de ouro e ficávamos anos esperando por um serviço telefônico medieval. A especulação corria solta e era preciso ser rico para ter telefone no Brasil .
Isso não aconteceu por conta do monopólio, mas, porque os governos daquela época queriam privatizar essas empresas e ganhar muito dinheiro através delas e assim, não investiam, não faziam os investimentos necessários para que a Embratel investisse na telefonia no Brasil exatamente para criar o fato de que você se lembra e vender a ideia de privatização. É muito fácil, com o apoio da mídia criar factóides para mascarar os fatos. Vivi essa época, mas, conheço fatos que talvez você não conheça! E, infelizmente, até hoje a Embratel coloca toda a sua tecnologias nas mãos de outros e não dá lucro para poder enriquecer e dar lucros para as multinacionais de telefonia.
o problema é que o Fernando Henrique não é candidato nas próximas eleições, enquanto a Dilma será.. com tantas denúncias graves, o PT deveria ter tido mão de ferro pra apurar e punir os culpados.. tempo, ele teve!
Parabéns, pelo texto esclarecedor, histórico e de utilidade pública!
Parabéns!!!
Texto objetivo, esclarecedor e motivador.
Bem vindo!!! Ao Brasil, de ante e de hoje…
Att,
LeonardosFaria