Melhor e mais completa análise que li até agora sobre a MEDIDA PROVISÓRIA que reformula o ENSINO MÉDIO!
Feita pelo Prof. Hugo Brandão/IFAL, Membro da Comissão Nacional Docente do SINASEFE. Com a MP aprovada o ensino médio no Brasil vai à deriva.
Vale a pena ler, sobretudo os alunos da rede pública e docentes de Educação Física, Filosofia, Sociologia, Artes e Espanhol. Só com mobilização e a participação de todos iremos impedir esse crime com nossos jovens estudantes e com toda a comunidade escolar.
Listinha, que compartilho aqui com vocês. Se tiverem visto mais pontos perigosos, por favor, complementem:
Apesar de o MEC ter dito que não vai tirar disciplinas, não é o que está na MP. E mesmo que recuem nesse ponto, a MP ainda é extremamente problemática.
Vou tentar elencar aqui os principais problemas:
1) a parte básica do Ensino Médio vai ser reduzida para 1 ano e meio e depois já seguiria para os “itinerários formativos”: matemáticas, linguagens, ciências da natureza, ciências humanas e profissionalizante. Não haverá todas as 5 em cada escola. Cada escola pode ter apenas uma dessas áreas, o que pode fazer com que na periferia só tenha a opção de fazer o profissionalizante, por exemplo;
2) Não dá tempo, em um ano e meio, para os estudantes terem acesso a um conteúdo mínimo das principais disciplinas;
3) Retirar do aluno o acesso a essas disciplinas é expropriá-los de seus direitos básicos de acesso a esses conhecimentos;
4) A carga horária vai passar de 800 horas para 1400, o que, aparentemente, seria interessante, mas, na MP, está claro que parte dos créditos pode ser contada com experiências profissional, atividades à distância etc. Ou seja, *forma-se um montante de força de trabalho barata* (ou até voluntária) e disponível para o mercado;
5) Retira-se artes e educação física do EM;
6) Retira-se a obrigatoriedade de Sociologia e Filosofia (vai depender da decisão em torno da Base Nacional Curricular Comum), mas em 1200 horas, provavelmente não encaixarão tais disciplinas;
7) O professor não precisa mais de um diploma de licenciatura, só precisa de “saber notório”. Isso tem direta relação com a aproximação com o mercado. Provavelmente muita gente de empresas vai dar cursos nas escolas. Isso tem um impacto tremendo aos cursos de licenciatura, nos quais se encontram a camada mais pobre de estudantes das universidades públicas. Sem contar o impacto sobre os estudantes que terão aulas com pessoas sem formação pedagógica;
8) A MP também prevê a concessão de certificados intermediários de “qualificação” para o trabalho, ou seja, já no meio do curso você pode ser encaminhado para o mercado de trabalho como força de trabalho mais barata ainda, porque sem diploma, somente com certificados;
9) A MP prevê aproveitamento de créditos do Ensino Médio no Ensino Superior (nem sei como comentar tamanha bizarrice!);
10) Prevê obrigatoriedade do inglês, uma necessidade também do mercado;
11) Por fora da MP, corre um PL em paralelo de obrigatoriedade da disciplina de empreendedorismo, o que ideologicamente reforça a autoculpabilização do fracasso e sucesso do estudante e a ideia de *meritocracia*;
12) Tem relação direta também com a PEC 241 que impõe um teto de gasto com educação para os próximos 20 anos;
13) Aproxima-se das empresas em relações público-privadas, OS´s para gestão etc.;
14) Desemprega e precariza ainda mais o trabalho docente;
15) Pode aproximar-se (ou até substituir) o Projeto Escola Sem Partido, porque se aproxima muito de suas propostas, de um ensino que instrui ao invés de educar.
Enfim, trata-se de um ataque brutal à educação, especialmente à educação pública, porque as escolas privadas da elite continuarão proporcionando acesso a esses conhecimentos a seus estudantes, enquanto a escola pública oferece força de trabalho a preços irrisórios no mercado.
Contudo até as escolas privadas serão afetadas, pois terão que ter dois turnos de aulas o que acarretará aumento do preço das mensalidades. A MP afeta a todos e todas!
Meu nome é Ligia Deslandes. Sou Pedagoga e Mestra em Educação formada pela Universidade Federal Fluminense. Tenho especialização na área de Direitos Humanos e Mediação de Conflitos pelo Instituto de Tecnologia Social do Brasil e Formação em Educação Profissional no SENAC. Fiz vários cursos na área de gestão, comunicação e marketing e tenho três livros publicados. Fui Professora no curso de pós-graduação em gestão de recursos humanos na universidade Veiga de Almeida no estado do Rio de Janeiro. Exerci várias funções administrativas na Petrobras Distribuidora e na direção executiva nas pastas administrativa e jurídica do Sindicato dos trabalhadores no comércio de minérios e derivados de petróleo do estado do Rio de Janeiro – SITRAMICO-RJ. Em 2012 fui eleita a primeira mulher presidenta do SITRAMICO-RJ, tendo sido reeleita em 2015 para o mandato que exerço atualmente.
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